20 de Novembro de 2024 - O Dia da Consciência Negra, celebrado nesta data em homenagem a Zumbi dos Palmares, marca um momento de reflexão sobre a trajetória histórica e os desafios enfrentados pela população negra no Brasil. Este dia simboliza resistência, celebração e o compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Em diversas cidades brasileiras, atos, marchas, apresentações culturais e debates ressaltaram o protagonismo negro na formação da identidade nacional. Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo se destacaram com programações robustas, unindo ativistas, acadêmicos e artistas para discutir representatividade, racismo estrutural e ações afirmativas.
Na capital baiana, o Pelourinho transformou-se em um palco a céu aberto, com blocos afro, capoeira e desfiles culturais que celebraram as raízes africanas. Já em São Paulo, a tradicional Marcha da Consciência Negra, na Avenida Paulista, reuniu milhares de pessoas sob o lema: “Vidas Negras Importam: Justiça e Igualdade Já”.
Em Mutuípe (BA), as atividades do mês da Consciência Negra ganharam destaque com ações voltadas à educação e cultura. No dia 6 de novembro, uma roda de conversa reuniu educadores, artistas e gestores culturais para discutir a implementação da Lei nº 10.639/2003, que prevê a inclusão da história e cultura afro-brasileira nos currículos escolares.
Essas discussões culminaram nas celebrações do dia 20, com apresentações de dança afro, capoeira, poesia e exposições artísticas na Casa de Cultura. Além disso, a preparação para o 10º Chá Literário, que ocorreu em 8 de novembro, reforça a importância de manter vivo o debate, com o tema inspirado em Nelson Mandela: “Estamos lutando por uma sociedade em que as pessoas deixem de pensar em termos de cor”.
Educação e Cultura: Ferramentas de Transformação. A implementação efetiva da Lei nº 10.639/2003 ainda enfrenta desafios em muitos municípios. Em Mutuípe, educadores destacaram a necessidade de maior formação docente e materiais pedagógicos adequados para garantir que as futuras gerações compreendam a contribuição da população negra na história do Brasil.
“Educação é a ferramenta mais poderosa para desconstruir preconceitos e valorizar a riqueza da cultura afro-brasileira. É preciso avançar na prática, e não apenas no discurso”, afirmou Maria do Carmo, professora de história.
Embora políticas públicas como as cotas raciais em universidades e concursos tenham promovido avanços, as desigualdades permanecem gritantes. Dados do IBGE apontam que a população negra ainda enfrenta os maiores índices de desemprego, violência e exclusão social no país.
Eliane Silva, coordenadora de um coletivo antirracista em São Paulo, destacou: “Zumbi nos inspira a lutar por liberdade e igualdade. Não é apenas um dia de celebração, mas de reafirmarmos nosso compromisso diário contra o racismo”.
O Dia da Consciência Negra não é apenas uma efeméride, mas um chamado à ação. A luta por igualdade racial exige mobilização contínua de governos, sociedade civil e cidadãos, para que o legado de Zumbi seja mais do que uma memória: que ele se torne um pilar para a construção de uma sociedade plural e inclusiva.
A mensagem que ecoa neste dia é clara: a liberdade e a justiça se constroem com resistência e união. Como Zumbi dos Palmares, a luta da população negra segue viva, com força para transformar desafios em conquistas e avançar na busca por uma sociedade mais justa para todos.