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A Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal (PF), que investiga crimes como peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e fraude em licitações, incluiu menções ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), no inquérito. A ação apura irregularidades envolvendo o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e prefeituras na Bahia.
Entre os alvos está o empresário José Marcos de Moura, apontado como um dos articuladores do esquema. Interceptações telefônicas e escutas ambientais indicam que Moura fazia referências a um “amigo” que poderia intervir em assuntos ligados à empresa Larclean Saúde Ambiental Ltda., investigada por fraude em licitações. Apesar de ACM Neto não ser mencionado nominalmente, os investigadores interpretaram expressões como “zero um antigo” como alusivas ao ex-prefeito, com base no contexto de fim de mandato citado nos diálogos.
A assessoria de ACM Neto negou qualquer envolvimento e destacou que os autos não apresentam citações diretas ou diálogos envolvendo o ex-prefeito. “Existem apenas inferências que não estão relacionadas a qualquer ato ilícito”, afirmou em nota.
Em um dos diálogos interceptados, Thiago Dantas, então secretário municipal de Educação de Salvador, teria dito que pagamentos em atraso seriam regularizados após a liberação de uma “primeira parcela na parceria”, em novembro de 2024. O BNEWS revelou anteriormente que Dantas também é investigado por envolvimento em um esquema que desviou R$ 67 milhões no âmbito da mesma operação.
De acordo com o relatório da PF, “Fica claro no diálogo captado a liderança de Marcos Moura como aquele que viabiliza o acesso ao secretário, assim como reforça a cobrança pelo pagamento, inclusive sugerindo que Thiago deixe de honrar outros compromissos da Secretaria para que o pagamento à Larclean seja efetuado”.
O inquérito detalha uma conversa em que Marcos Moura se gaba de sua capacidade de resolver situações diretamente e informa a um interlocutor identificado como Alex que, caso Thiago Dantas não solucionasse o pagamento pendente, ele entraria em contato com um “amigo” para intervir. “Sugere-se, mais uma vez, que o ‘amigo’ citado por Marcos Moura, o qual seria capaz de resolver a situação do pagamento para a Larclean no caso de insucesso de Thiago, seja Antonio Carlos Magalhães Neto”, diz o relatório.
Alex também teria mencionado que, em uma situação anterior, problemas relacionados à Secretaria de Educação de Salvador foram resolvidos por Moura com o apoio do “zero um antigo”.
Os investigadores continuam analisando as provas para determinar a extensão do envolvimento de cada pessoa mencionada no inquérito. A Larclean Saúde Ambiental Ltda. é suspeita de operar como peça-chave no esquema de fraudes em licitações, que teria movimentado recursos de forma ilícita em diversas prefeituras baianas. Thiago Dantas e José Marcos de Moura seguem sendo os principais alvos das apurações.
Fonte: Bnews