Na manhã de terça-feira (10), a Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), a Receita Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou a Operação Overclean, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa envolvida em fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro na Bahia. A operação apreendeu itens de luxo, como joias, dinheiro em espécie, uma lancha e sequestrou R$ 162.379.373,30, valor proveniente das fraudes cometidas pelo grupo.
O esquema criminoso, que movimentou um total de R$ 1,4 bilhão, sendo R$ 825 milhões em contratos com órgãos públicos em 2024, favoreceu empresas e indivíduos ligados a administrações municipais. Os criminosos usaram o superfaturamento de obras e o desvio de recursos de emendas parlamentares e convênios para enriquecer ilicitamente. Até o momento, 15 pessoas foram presas, e a investigação segue em andamento.
As diligências ocorreram em diversos municípios da Bahia, incluindo Salvador, Lauro de Freitas, Jequié, Itapetinga, Campo Formoso, Mata de São João e Wagner, além de outras cidades em estados como São Paulo, Goiás e Tocantins. Na capital baiana, foram cumpridos 26 dos 59 mandados judiciais expedidos pela justiça. Entre os alvos da operação, destacam-se figuras de destaque no cenário empresarial e político.
Entre os presos estão José Marcos Moura, empresário conhecido como "Rei do Lixo", proprietário da empresa MM Limpeza Urbana, alvo de buscas pela PF; Lucas Maciel Lobão Vieira, ex-coordenador do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) na Bahia; Flávio Henrique de Lacerda Pimenta, servidor da Secretaria de Educação da Bahia (Smed); e os empresários Alex Rezende Parente e Fábio Rezende Parente.
Outro nome de destaque na operação é o de Francisco Nascimento, vereador eleito para o mandato 2025-2028 em Campo Formoso, que, antes de ser preso, tentou se livrar de dinheiro em espécie encontrado em sua residência.
Além dos mandados de prisão, a PF cumpriu 43 mandados de busca e apreensão e expediu ordens de sequestro de bens em diversas localidades. A operação revelou ainda o luxuoso padrão de vida de alguns dos envolvidos, com apreensões em endereços de alto padrão em Salvador, como o Edifício Porto Trapiche, no Avenida Contorno, e o Condomínio Mansão Saint Laurent, no Itaigara.
A Operação Overclean revela um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro de proporções gigantescas, que prejudicou o erário público e favoreceu um círculo fechado de empresários e políticos. A PF segue com as investigações para desmantelar a organização criminosa e responsabilizar os envolvidos, além de tentar recuperar o dinheiro desviado.
A reportagem do g1 apurou que as autoridades ainda aguardam as defesas dos investigados e de órgãos como o DNOCS e a Smed, que foram contatados para se posicionar sobre o caso. As investigações continuam, e mais prisões e apreensões podem ocorrer nos próximos dias.
Fonte: g1